Aula 9 Nova EJA III - Urbanização X Lazer

Aspectos de urbanização versus lazer

(páginas 11 e 12 da apostila 2 do Applique-se: Orientações de estudos de Ed. Física Módulo III)

Uma vez sendo importante a presença e o desenvolvimento do lazer numa sociedade, a quem compete a responsabilidade de promovê-lo e organizá-lo? Avaliando os diversos autores que tratam do assunto, é perceptível que esta responsabilidade não é somente de órgãos públicos, como também dos profissionais do lazer, empresas privadas e de toda uma sociedade.

De acordo com Andrade (2001), sob a forma da lei, ao poder público compete a ordenação de recursos para a capacitação e estímulo da sociedade no planejamento, criação, administração e desenvolvimento de mecanismos de recreação e lazer nos locais em que haja necessidade, nos bairros e nas cidades, assim como em locais de trabalho e centros de convivência social. A legislação brasileira reconhece, através da Constituição, o lazer como exercício social, determinando que ele ocorra através do repouso semanal remunerado, das férias anuais e da contemplação da aposentadoria, além do incentivo ao lazer como promoção social.

Sabendo que a falta de lazer é um dos problemas centrais da sociedade e que a recreação favorece o bem-estar físico e mental dos indivíduos, além de ser vantajosa à economia e à cultura do grupo, o governo deve amparar, estimular, facilitar e promover a sua prática. Dentre algumas medidas que competem ao poder público, encontram-se a reserva compulsória de áreas para recreação no planejamento urbano; o recolhimento de tributos a serem aplicados na aquisição de novas áreas para recreação e o desenvolvimento de programas; a concessão de incentivos fiscais às empresas privadas que ofereçam atividades recreativas ou que formem pessoal especializado para operar na comunidade em que vivem.

Convém lembrar que as áreas de lazer são destinadas a todos os habitantes e visitantes, independentes das condições peculiares de cada localidade. Outro aspecto importante nessa organização e espaço do lazer diz respeito ao processo de urbanização, onde há necessidade de aprimorar a situação da moradia e do sistema de transportes, controlando a poluição e o barulho excessivo. Para tanto, um planejamento preventivo e corretivo é fundamental para a ordenação do lazer público.

Cada entidade privada ou pública tem sua parcela de atribuições, e a comunidade, através desses organismos, deve fornecer meios para a diversificação do lazer. E quanto a nós? Tendo em conta que hoje disponibilizamos mais tempo livre e que nos oferecem instrumentos para o exercício do lazer, será que sabemos usufruir desse tempo livre do trabalho e de outras obrigações?

Ao longo dos últimos tempos, o homem sempre trabalhou muito. Com a tecnologia, a globalização e as modificações ocorridas na sociedade, ele passou a trabalhar menos. Algumas empresas também permitem que o homem possa trabalhar em casa, dispondo seu horário da forma que melhor lhe convir.

Com essa maior disponibilidade de tempo, o que fazer? Nós fomos preparados para o trabalho. Durante toda nossa vida, seja na escola, na faculdade ou em casa, fomos educados para o trabalho. Aprendemos a trabalhar, mas não aprendemos a cuidar do nosso tempo livre. Como De Masi (1999, p. 137) afirma, “ninguém nunca nos preparou para o tempo livre e muitos de nós sabemos trabalhar, mas não sabemos administrar o tempo livre”.

A sociedade não prepara as pessoas para o tempo livre; continua a formá-las para o trabalho; as escolas também continuam educando para o trabalho, mas não educam para o lazer.
Nesse caso, cabe ao poder público fornecer através de dispositivos legais: a educação sistemática para o bom aproveitamento do lazer, por meio de programação regular nas escolas com a ajuda de outras instituições de serviços à comunidade; planejamento e construção de acomodações à recreação pública e centros de recreação, onde as atividades culturais e artísticas possam vir a ser cultivadas e difundidas; programação variada de recreação pública durante o ano inteiro; criação da consciência do valor da recreação e estímulo à educação dos adultos no tempo de folga, “incentivando o trabalhador a ocupar de forma construtiva o seu lazer, cultivando atividades condizentes com as próprias inclinações e necessidades espirituais, de relaxamento e de ampliação de cultura” (MEDEIROS, 1975).

Observando essas variáveis na escolha do lazer, e considerando que sua prática deve ser de livre escolha pessoal e prazerosa, o poder público e a iniciativa privada devem organizar e desenvolver programas e projetos de recreação que abranjam todos esses segmentos.

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